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Déficit no Brasil despenca: menor valor em 8 anos

Felipe Lange


Nesse texto de hoje, irei misturar notícias e explicações econômicas. Vamos lá?


Em nota à imprensa de hoje, 31 de janeiro, o Banco Central do Brasil anunciou que o déficit nominal para 2021 ficou em - 4,42 % do PIB, menores valores desde 2013 (ao menos em termos percentuais), quando o valor ficou em - 3 % do PIB. Em valores monetários, o déficit chegou a R$ 383,7 bilhões. Em 2020 o déficit nominal havia atingido R$ 1,01 trilhão e - 13,7 % do PIB.


Já em resultado primário, o governo conseguiu superávit para 2021, na ordem de 0,75 % do PIB, ou R$ 64,7 bilhões (ante valores de - 9,49 % e R$ 703 bilhões de déficit primário, em 2020), o que não acontecia desde 2013.


A dívida bruta ficou em 80,3 % do PIB (R$ 7 trilhões), ante os 89,3 % do PIB (R$ 6,615 trilhões) de 2020.


Os gastos do governo subiram em 4,99 % em 2021, em relação ao ano anterior, tendo sido de R$ 4.334.235.538.956,56.



México e Alemanha


O irmão emergente do Brasil, o México, continua indo bem fiscalmente e mostrando o conservadorismo fiscal de Andrés Manuel López Obrador: apesar do déficit primário de - 0,3 % do PIB em 2021 (ante superávit de 0,1 % do PIB em 2020), o déficit nominal ficou igual ao de 2020, em - 2,9 % do PIB. A dívida bruta caiu: de 53,3 (% do PIB) em 2020 para 51,5 em 2021.


O déficit primário não se via desde 2015, quando naquele ano o déficit primário chegou a - 1,2 % do PIB.


Os gastos governamentais subiram na ordem de 6 %, de 2020 a 2021.


O governo alemão, já conhecido pela sua rigidez fiscal e um destaque entre o mundo desenvolvido no ano de 2020, também viu o seu déficit ficar inalterado: - 4,3 % do PIB em 2021.



Austeridade?


De fato, de 2018 para 2019, houve um corte respeitável nas despesas do Brasil (na totalidade, algo raríssimo de ocorrer nos dias atuais), quando ocorreu uma redução na ordem de R$ 216,34 bilhões, ou uma queda de 6,25 %.


Todavia, isso não ocorreu em 2021. É verdade que nesse ano houve sim alguns cortes (inclusive no próprio Auxílio Emergencial, que caiu de R$ 600 para R$ 250), mas quem acabou ajudando nessa foi o Banco Central.


Em 2020, com a aprovação da PEC do Orçamento de Guerra, do Auxílio Emergencial e das fortes quedas na taxa SELIC, o agregado M1 explodiu: houve uma subida de aproximadamente 50 %, entre os meses de janeiro e dezembro de 2020, entre as maiores nas economias emergentes.


Variação do M1: 01/01/2020 - 31/12/2020.



Com o aumento na quantidade de dinheiro na economia, houve um acréscimo automático nas receitas dos governos, dos municipais ao federal. Isso, auxiliado pela recuperação do PIB e da economia do Brasil, foi o que auxiliou nessa queda respeitável no déficit.


Tal fenômeno é conhecido como senhoriagem, que é a diferença entre o custo de criar cédulas e moedas metálicas e o valor de face deles.


Isso aconteceu no Brasil especialmente nas décadas de 1950, 1960 e 1980, onde uma parte considerável das receitas governamentais vinha da mera impressão de dinheiro, algo que seria corrigido somente após o Plano Real, em 1994.



 

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