Felipe Lange
Como não fazia há algum tempo por este site, farei uma espécie de coluna de blog, sendo algo reflexivo e lotado de pensamentos e palpites, bem curto.
Semanas atrás, economistas importantes como Pérsio Arida e Edmar Bacha declararam voto no Lula para o segundo turno. Aliás, não foi difícil ver pessoas alegadamente liberais apoiando o petista para esta disputa eleitoral, por motivos diversos. Estou absolutamente desprovido de capacidades de análises, então não vou tentar deduzir sobre as razões para esse fenômeno. Depois de ver o Pondé dizendo que conservador vota em Lula, não fico surpreso com mais nada.
Depois do (muitíssimo) apertado resultado eleitoral favorável ao ex-metalúrgico, Lula foi à COP27 (mais uma conferência ambientalista para gente chique definir como roubar mais o nosso dinheiro e nossa liberdade) e mostrou desdém sobre a taxa de câmbio, a reação dos especuladores e ainda disse em furar o teto de gastos para programas sociais, na tal "PEC da Transição". Como já previsto, isso já provocou turbulências no mercado.
Não se sabe se isso é realmente o que Lula pensa, especialmente porque em seu período de governo 2003 - 2011 (ainda que o da Dilma tenha sido a sua continuação, de certo modo), o real brasileiro se valorizou em relação à todas as moedas do mundo, com quadros mais pró-mercado dentro do governo (que ele nomeou), de Henrique Meirelles a Afonso Beviláqua, de Marcos Lisboa a Alexandre Schwartzman. De algum modo, os especuladores e o mercado financeiro acabaram ajudando o governo, ao darem credibilidade à situação aparentemente sadia da condução econômica brasileira, valorizando a moeda doméstica e jogando contra as pressões inflacionárias. A taxa de câmbio é tão importante que ela já foi reconhecida como tal pelo Pedro Castillo (cujo partido é de extrema-esquerda) e, por que não, pelo Evo Morales com o atual arranjo cambial do boliviano (que é fixado ante dólar americano e que está com risco de acabar por causa das baixas reservas internacionais, causando já algum desespero dentro do impopular governo Arce). Ainda que Pérsio, Edmar e Pedro tenham ajudado no Plano Real (não sei se o Armínio se envolveu), o maior protagonista, de fato, fora Gustavo Franco, que se manteve discreto e preferiu não pôr a mão no fogo ao declarar apoio ao Lula (recomendo ler este livro). Até Daniel Ortega reconhece isso (que diga-se de passagem já implantou uma ditadura, algo que eu obviamente vou repudiar), já que a córdoba nicaraguense é atrelada ao dólar americano (um arranjo muito parecido ao feito no Brasil em 1995-1998).
As falas de Luiz Inácio Lula da Silva, todavia, já incomodaram também Edmar Bacha, Pedro Malan e Armínio Fraga nestes últimos dias (pelo que eu saiba, Pérsio não assinou a carta, mas já disse sobre o problema da falta de responsabilidade fiscal), os mesmos que haviam declarado apoio ao Lula há pouco. A carta em si está fundamentada nas ideias corretas na sua quase totalidade, então não cabe comentários a isso. Henrique Meirelles também já pulou fora e o seu desejo de boa sorte já virou um meme nas redes sociais.
Até este dia 18/11/2022, Lula ainda não disse quem será o seu Ministro da Economia (ou da Fazenda, caso eles fizerem a divisão ministerial de novo) e muitas vezes só conseguimos algo com falas soltas e já se sabe algo somente na equipe de transição.
Conforme disse há semanas, o governo Lula vai ser aquele carro que não sabemos quando irá dar problema e nem se terá alguém para fazer manutenção ou reparos. Diante de tantas previsões políticas feitas de forma errada por várias pessoas que eu sigo (ou seguia, em algumas circunstâncias), apenas resta o meu desejo de que a economia brasileira não agonize. Já o governo Bolsonaro seria como um Toyota Corolla: não empolga, mas todo mundo já sabe o que esperar.
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