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Foto do escritorFelipe Lange

Se os déficits agora estão tão grandes, o que acontece quando a recessão vier?

Atualizado: 9 de jun. de 2020

Ryan McMaken


O Departamento do Tesouro [versão americana do Ministério da Economia] divulgou novos números do déficit orçamentário nesta semana e, com dois meses ainda a decorrer no ano fiscal, o déficit orçamentário de 2019 é o mais alto desde que os EUA ainda estavam sendo inundados com estímulo fiscal em 2012.


Em julho de 2019, o déficit orçamentário acumulado no ano era de US$ 866 bilhões. A última vez que foi tão alta foi o ano fiscal de 2012, quando o déficit chegou a quase 1,1 trilhão de dólares.


No auge da recessão-estímulo-pânico, o déficit chegou a 1,4 trilhão em 2009. (O déficit de 2019 é no acumulado do ano):



O que é especialmente notável sobre o déficit atual é que ele ocorreu durante um período de expansão econômica, quando, presumivelmente, os déficits deveriam ser muito menores.


Por exemplo, após a recessão de 1990-91, os déficits geralmente diminuíram, até crescerem novamente após o estouro da bolha das empresas ponto com. Os déficits, em seguida, diminuíram durante a curta expansão de 2002 a 2007. Durante a primeira parte da expansão pós-Recessão, os déficits encolheram novamente. Mas desde o final de 2015, os déficits só aumentaram, e estão caminhando rapidamente para alguns dos maiores déficits fora de recessão que já vimos.



A situação é resultado do aumento dos gastos federais e da queda das receitas. A partir do segundo trimestre de 2019, o crescimento anual foi quase em uma alta de nove anos. Os gastos federais aumentaram 7,5 por cento, ano a ano, durante o segundo trimestre deste ano. A última vez que o crescimento cresceu tanto foi durante o primeiro trimestre de 2010, quando os gastos aumentaram 13,8%, anualmente.


Enquanto isso, o crescimento da receita diminuiu, com apenas um quarto dos oito últimos anos apresentando crescimento ano após ano.




Historicamente, uma diferença crescente entre a receita tributária e os gastos do governo tende a indicar uma recessão ou um período imediatamente após uma recessão. Vimos esse padrão durante a recessão de 1990-91, a recessão Dot-com e a Grande Recessão.


O governo Trump tentou se vangloriar de que aumentou as receitas através de aumentos de impostos (ou seja, aumentos tarifários) e, como a Bloomberg informa, "as tarifas impostas pela administração Trump ajudaram a dobrar os impostos alfandegários para US$ 57 bilhões no período".


Mas os aumentos nas tarifas também reduzem a atividade empreendedora e a produção global, reduzindo os ganhos e prejudicando o crescimento econômico. Não surpreendentemente, as receitas fiscais não foram mantidas.


É claro que, se as receitas fiscais realmente limitassem os gastos do governo, não haveria muito o que reclamar. Menor receita realmente significaria menos recursos fluindo para os cofres do governo - e isso pode ser uma coisa boa.


Entretanto, em um mundo onde o endividamento do governo permite gastar até mesmo em tempos de queda na receita, estamos preparando o terreno para problemas futuros. Quanto mais a dívida nacional total aumenta, mais o serviço da dívida se tornará uma questão séria se as taxas de juros aumentarem de forma moderada. Dadas as perspectivas de taxas de juros mais altas no futuro, o Congressional Budget Office estima que os pagamentos de juros sobre a dívida aumentarão substancialmente no futuro:



É preocupante que, após uma década de uma expansão econômica, o governo dos EUA ainda esteja gastando dinheiro, como ocorre durante e imediatamente após uma recessão. Assim, se os déficits são tão grandes agora, quando os tempos estão bons, quão grandes eles se tornarão quando os EUA entrarem no território da recessão? Em 2009, a recessão e suas consequências (ou seja, maciças quantias de estímulos) geraram déficits além da marca de trilhões de dólares por quatro anos seguidos. Com o déficit total de 2019 agora chegando a 900 bilhões, talvez devêssemos esperar que os déficits alcancem dois trilhões quando a próxima recessão chegar. E provavelmente por vários anos.


O gaiteiro precisará então ser pago quando as taxas de juros aumentarem e cortes substanciais serem feitos na Previdência Social, Medicare e nos orçamentos militares, a fim de pagar a dívida e evitar o calote.


Esse cálculo pode ser adiado, no entanto, desde que o dólar continue sendo a moeda de reserva do mundo, e o banco central possa continuar a monetizar a dívida. Enquanto o dólar reinar, o banco central pode manter isso sem causar altos níveis de inflação de preços. Mas quando chegar o dia em que o dólar não puder mais contar com o estoque mundial, as coisas serão muito diferentes.


O banco central não será capaz de simplesmente comprar a dívida à vontade, as taxas de juros subirão, e o Congresso terá que fazer escolhas sobre quantas cortesias do governo serão cortadas para pagar a conta de juros. Os americanos que vivem em programas federais sentirão o aperto. Os governos estaduais terão que diminuir a medida que os subsídios federais se esgotarem. Os EUA terão que reduzir sua política externa sobrecarregada. Nem tudo isso é um problema, claro. Mas as famílias de baixa renda e os idosos sofrerão mais. Tudo pode parecer bem agora, mas correndo de cabeça em enormes déficits, mesmo durante um boom, os políticos estão montando a economia para o fracasso no futuro.


Mas isso é no futuro, e poucos legisladores em Washington estão preocupados com muita coisa além do próximo ano eleitoral.


 

Artigo original publicado no dia 16/08/2019 no Mises Institute, podendo ser conferido aqui.


[Nota do tradutor: Em caso de quaisquer falhas de tradução, favor nos contatar em nossa página no Facebook ou comentar abaixo. Ficaremos extremamente gratos.]

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