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Pela liberação da telemedicina

Felipe Lange


Os lockdowns foram uma catástrofe humanitária e econômica, assim como a pandemia Severe acute respiratory syndrome–related coronavirus. Isso é inegável.


Apesar disso tudo, algo passou a se popularizar no Brasil: a telemedicina.


Legalmente, a telemedicina é permitida desde o fim de 2018, quando o Conselho Federal de Medicina passou a permitir, por meio da Resolução CFM nº 2.227/2018.


Todavia, em 19 de março de 2020, o Conselho Federal de Medicina expandiu o escopo e permitiu também a teleorientação, telemonitoramento e teleinterconsulta (detalhes dessas modalidades estão aqui). Só que, neste caso, é alegado que essa alteração vigoraria com caráter temporário, enquanto durar a emergência do coronavírus.



Como estamos hoje e os benefícios econômicos


Ainda em 2020, a deputada federal Adriana Ventura (NOVO-SP) apresentou o PL 1998/2020, o que irá tornar essas alterações do CFM permanentes e deverá dar mais segurança jurídica. Curiosamente, até o Orlando Silva acabou apresentando um projeto similar neste ano de 2022, o que foi integrado ao PL de 2020.


Neste artigo, obviamente não irei falar de benefícios médicos e terapêuticos, porque não é da competência do autor deste texto, portanto sendo algo que caberá aos profissionais e especialistas do ramo.


Em termos de Economia, a liberação da telemedicina é algo benéfico, pelas seguintes razões:



(1) Flexibilidade


Em tempos de inflação mundial e com inúmeras pessoas tendo perdido renda tanto pela inflação quanto pelos trancamentos, possibilitar a economia de tempo para realizar uma consulta médica rotineira é algo que irá impactar a vida de muitas pessoas. Esse tempo economizado com deslocamentos pode ser realocado para atividades mais produtivas.



(2) Competição


Quem mora em cidades interioranas sabe a dificuldade de se encontrar um bom médico, já que muitos bons profissionais acabam indo para cidades maiores e com melhores perspectivas (aliás, esse é um tema bastante interessante de se discutir). Assim, muitas vezes essa pessoa terá de se deslocar para uma outra cidade só para fazer uma consulta. Com a possibilidade de se consultar com médicos de excelência de cidades mais distantes, aumenta-se a competição, afinal agora haverá mais pessoas demandando esses melhores profissionais.



(3) Deslocamento


Justamente pelos motivos acima, o ato de se deslocar para uma outra cidade só para realizar uma consulta que poderia ser feita por telemedicina, é um verdadeiro desperdício de recursos, citando-se por exemplo:

  • O paciente pode perder um dia todo do seu trabalho só para se deslocar e ficar na sala de espera por várias horas, gerando cansaço. Este último aspecto é especialmente grave levando-se em conta de que ainda há a obrigatoriedade do uso de máscara em vários locais Brasil afora;

  • Há um aumento artificial na demanda por combustíveis e transporte, provocando o seu encarecimento;

  • Com maior uso dos veículos, aumenta-se também o desgaste de seus componentes, criando uma demanda crescente por peças de reposição em coisas como suspensão (provocando uma pressão altista em seus preços), principalmente num país com infraestrutura viária medonha;

  • Provoca mais congestionamentos e escassez em vagas de estacionamento;

  • Causa mais poluição no ar;

  • Ocasiona superlotação em hospitais e consultórios;


Por consequência, essa liberalização no setor médico gerará uma melhor otimização de recursos, afinal o tempo é o recurso mais escasso de todos. Não apenas isso, mas irá tornar todo o setor mais eficiente e produtivo.



Apesar disso...


Que uma maior desregulação no setor é benéfico para a economia e para os consumidores, isso é evidente.


Todavia, não devemos apenas nos satisfazer com essa medida, afinal o setor de saúde brasileiro, como em muitos países do mundo, é pesadamente regulado.


Assim, mais do que liberar a telemedicina, deve-se fazer uma completa desregulação em todo o segmento, acabando com quaisquer barreiras institucionais aos entrantes, das faculdades de Medicina até aos consultórios e conselhos profissionais. Será que alguém vai encarar?



 

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