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Foto do escritorFelipe Lange

Mercedes cancela a sua picape na Argentina

Atualizado: 9 de jun. de 2020

E qual a surpresa?

Felipe Lange


Dias atrás, a Mercedes-Benz desistiu de fazer a sua picape no mercado argentino (que seria exportada para o Brasil). Leiam comigo o trecho da notícia (a íntegra pode ser conferida aqui):


"Mercedes cancela produção argentina da Classe X


A Mercedes-Benz desistiu de fabricar a picape Classe X na Argentina, o que altera seus planos para o mercado brasileiro. O projeto original era produzi-la em Santa Isabel em fábrica compartilhada com Nissan e Renault, pois o modelo deriva da mesma arquitetura das picapes Frontier e Alaskan, e lançá-la no Brasil no fim do ano passado. Contudo, depois de sucessivos adiamentos, a Mercedes cancelou os planos em função das “condições econômicas peculiares” argentinas.


[...]


A Mercedes-Benz diz que “ainda não há uma definição” sobre nova estratégia para a picape, que pode vir a ser importada da Espanha. A desvantagem é que essa origem implica Imposto de Importação de 35%, do qual a versão argentina estaria isenta. "



As partes em negrito deixei de propósito. A foto eu coloquei da Nissan Frontier atual porque ela e a Classe X são simplesmente o mesmo veículo. E para fazer um adendo, me admira de que a Nissan americana não tenha atualizado ainda a Frontier, já que até no Brasil a marca já atualizou.


E isso não aconteceu apenas com a Mercedes-Benz. A Ford argentina anunciou, no ano passado, que no próximo mês o Focus irá sair de linha.


Mauricio Macri, com o seu gradualismo nas reformas (e para piorar, recentemente congelou preços, algo que nem o Lula fez), vai entregar um país com economia ainda desarrumada e a culpa vai ficar toda em cima do liberalismo econômico, ou eles (pessoas desonestas da imprensa) irão usar o palavrão "neoliberalismo".


E já que, graças aos nossos amigos da guilda e políticos, os brasileiros continuam proibidos de importar tanto o novo Focus europeu quanto o Classe X por preços baixos, então ficamos nessa situação humilhante, onde o sujeito depende da fabricação de um carro importado na vizinha Argentina que, apesar de ter essa isenção do imposto de importação, ainda tem restrição em exportar carros para o mercado brasileiro (e há carros que sequer existem no Brasil, disponibilizados para os argentinos).


Em suma, em economias desarrumadas, é normal que investimentos como este, que exigem uma certa previsibilidade de como estará o cenário político e econômico (e do câmbio, que está derretendo diante do dólar que só vem subindo nos últimos meses), sejam ainda mais filtrados.


Um aviso ao governo brasileiro: esqueçam de brincar de telefone sem fio com trapalhadas em postagens públicas em perfis de Twitter. Há problemas graves a serem corrigidos. A Reforma da Previdência já está sendo encaminhada (embora eu tenha ressalvas, se não fizerem, para a economia brasileira crescer, a PEC 241 teria de ser cumprida à risca, e então o governo chegaria em um ponto onde só gastaria com a previdência; isso seria ótimo, mas você confia neles?), então ótimo.


Como eu já disse anteriormente, o dólar está ficando cada vez mais forte, porque o governo americano, ao aumentar a taxa de juros (a SELIC deles), atraiu para que mais pessoas gastassem dinheiro "investindo" nos títulos do governo americano, assim aumentando a demanda mundial por dólares. E a demanda estrangeira por títulos americanos é considerável.


Como o governo americano não pretende começar uma outra guerra ao estilo das guerras do Iraque e Afeganistão (que causaram uma considerável desvalorização do dólar), então o que o governo brasileiro deve fazer para permitir uma apreciação do real seria.... bom, para isso que temos esse artigo do Mises Brasil. E também é para isso que existe a divisão social do trabalho, né?

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