Felipe Lange
Deixando de lado as questões religiosas e teológicas (o fato é que não sou nada qualificado para tal), é quase de praxe que todo ano os preços dos ovos de Páscoa subam no Brasil (na verdade, a única coisa que perde o preço mesmo é a nossa moeda fiduciária, o real brasileiro), vamos abordar as questões econômicas em torno da data.
Para começar, apenas algumas manchetes:
Interessantemente, ao mesmo tempo em que os preços subiram (o ovo, por exemplo, subiu 37,7 % em relação ao ano passado), a oferta monetária continua em queda, cujo processo começou em janeiro de 2021.
M1, saldo diário, 01/01/2019 - 28/03/2023. Imagem criada pelo Sistema Gerenciador de Séries Temporais, do Banco Central do Brasil.
As pessoas estão com menos dinheiro na mão, mas os preços das coisas continuam em alta (e os custos de produção do setor também). Onde eu moro (em Mococa, São Paulo), teve supermercado lotado neste último sábado (08/04), mas essas evidências anedóticas podem variar. Todavia, sabendo que houve uma alta demanda pelos produtos mesmo com essas pressões monetárias contrárias, apenas mostra como as interações econômicas não podem ser matematizadas, aquilo que os escolásticos já falavam há muitos séculos.
O bacalhau (a espécie Gadus morhua), por outro lado, é importado majoritariamente da Noruega, então o seu preço sofre também com a variação cambial (e para piorar, não há cultivo desse peixe), este último sendo algo que não é exemplar no histórico brasileiro, com o preço alto também sendo fator pela sua oferta limitada (estão vendo como o sistema de preços auxilia na preservação de espécies?).
Isso, ainda levando-se em conta que o fenômeno da "reduflação" (ou shrinkflation) já assombra a economia brasileira há alguns anos, interessante vermos que a demanda continuou em alta, mesmo diante de um cenário de incerteza gerada pelo regime.
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