Ryan McMaken
Alexandria Ocasio-Cortez sugeriu a eliminação do Departamento de Segurança Interna.
Sua motivação parece ser para reduzir os poderes do cumprimento das leis federais de imigração, embora isso não signifique necessariamente que a abolição do DHS realmente conseguiria isso.
No entanto, o DHS [nota do editor: sigla para Department of Homeland Security] é apenas mais uma agência de nível de gabinete, que foi empurrada para facilitar ainda mais a exigência de mais gastos governamentais, e nunca foi necessária. Sua abolição seria um passo na direção certa.
A questão de elevar as agências do governo ao status de nível de gabinete é que a medida torna mais fácil para os burocratas responsáveis pelas agências agitarem politicamente em busca de mais gastos do governo em seu favor, e pressionar por um governo maior no geral. Não é coincidência que, à medida que o governo dos EUA se tornou cada vez maior e mais intrusivo, o mesmo aconteceu com o número de agências de nível ministerial. Agora, temos a EPA [sigla para Enviromental Protection Agency, o Ibama americano], a SBA [sigla para Small Business Administration] e os departamentos de Habitação e Desenvolvimento Urbano, da Energia e da Educação, todos com acesso mais direto ao presidente e à mídia. Tudo o que eles fazem é considerado "essencial". Tudo o que eles fazem, nos dizem, é uma questão de importância nacional.
O DHS não é diferente. Quando os ataques de 11 de setembro ocorreram, eles expuseram a incompetência, a preguiça e a ineficiência das organizações governamentais de segurança e defesa. Ano após ano, centenas de bilhões de dólares foram despejados nessas organizações - além dos incontáveis bilhões gastos no Pentágono. Mas quando eles mostraram estar dormindo no interruptor, o que aconteceu? Em vez de cortar seus orçamentos, e altos funcionários sendo demitidos em massa - como deveria ter acontecido -, George W. Bush e seus comparsas decidiram que o governo federal realmente precisava de um novo departamento para o qual poderiam ser investidos bilhões em dinheiro do pagador de impostos.
Isso foi politicamente importante no sentido de que tornar o DHS um departamento, seria mais fácil exigir mais recursos para suas agências constituintes. Mas muito do que o departamento faz já foi feito antes do 11 de setembro - incluindo regulações imigratórias.
O que era novo era a federalização da segurança aeroportuária e novos fundos secretos para os departamentos de polícia domésticos.
Em um artigo de 2017 intitulado "Four Agencies to Abolish along with Dept. of Education", coloquei o DHS em primeiro lugar na lista (seguido pela EPA, Interior e Agricultura):
"Um: O Departamento de Segurança Interna, U$ 51 bilhões
De alguma forma, os Estados Unidos conseguiram progredir por mais de 225 anos antes que este Departamento fosse criado pelo Congresso e pelo governo Bush em 2002.
O Departamento rapidamente se tornou uma forma de o governo federal distribuir dólares dos pagadores de impostos federais para as agências estaduais e locais de aplicação da lei, obtendo assim maior controle em nível local. O DHS administra vários programas de subsídios que ajudaram a comprar uma variedade de novos brinquedos para grupos de aplicação da lei, incluindo novas armas e novas tecnologias. Também está incluído o infame programa de excedentes militares, que fornece tanques e outros equipamentos militares para as forças policiais em todos os lugares, desde as grandes cidades até pequenas cidades rurais. A cidade livre de crime de Keene, em New Hampshire, garantiu que a polícia recebesse um tanque por meio desse programa, assim como muitas cidades maiores.
Quando o atirador de Orlando abriu fogo na boate Pulse em 2016, a polícia acabou indo em um tanque - o que não fez nada para conter o derramamento de sangue dentro do clube.
A polícia alega que precisa desses veículos de meio milhão de dólares do DHS para lidar com a agitação civil. Não importa, claro, que cada estado já tenha uma força da Guarda Nacional especificamente para esse propósito.
Embora o Departamento tenha sido criado em resposta aos ataques de 11 de setembro, o Departamento não faz nada para lidar com um ataque do tipo 11 de setembro, e todas as agências que deveriam fornecer informações sobre esses ataques - o FBI, por exemplo - já existem em outros departamentos e continuam desfrutando de enormes orçamentos.
O DHS também inclui agências que já existiam em outros departamentos antes, como a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências [Federal Emergency Management Agency] e as agências que lidam com imigração e alfândega. Essas agências devem ser devolvidas aos departamentos de onde vieram ou serem abolidas.
E poucos sentiriam falta da Administração de Segurança dos Transportes [Transportation Security Administration] - uma agência que nunca pegou um único terrorista, mas contrabandeava pelo menos 100 milhões de dólares em cocaína.(1) "
Alexandria Ocasio-Cortez geralmente está errada sobre praticamente tudo. Mas sobre isso ela é acidentalmente correta: abolir o DHS seria um bem líquido para a América. Nunca foi necessário, e é principalmente um canal para violar os direitos dos americanos através de um exército permanente de agências federais e policiais locais bombardeados em dólares federais e equipamentos militares. Políticos em Washington DC odiariam vê-lo ir embora. Mas os pagadores de impostos provavelmente se beneficiariam se desaparecessem para sempre.
(1) Quando fui para os Estados Unidos pela primeira vez, em 2015, ao voltar para o Brasil, a funcionária do TSA no aeroporto de Miami confiscou a minha garrafa de água, jogando-a ao lixo. Puxa vida, realmente a preocupação deles é com uma garrafa de água. Muito corporativismo, já que se sabe que qualquer produto no aeroporto é mais caro... E desses anos para cá, onde estavam eles quando ocorreu o ataque no aeroporto em Forte Lauderdale?
Artigo original publicado no dia 12/07/2019 no Mises Institute, podendo ser conferido aqui.
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