Lipton Matthews

Nos últimos anos, políticas antimercado, como tarifas e políticas industriais, ressurgiram em popularidade nos Estados Unidos. Os defensores dessas medidas alegam que elas são essenciais para proteger as indústrias nacionais, promover o crescimento econômico e garantir a segurança nacional. No entanto, evidências históricas e análises econômicas contam uma história diferente — uma em que essas políticas muitas vezes não conseguem entregar os benefícios prometidos. Para entender o porquê, examinaremos as falhas históricas das tarifas nos Estados Unidos e a ineficácia das políticas industriais no Japão e na China.
Tarifas e os EUA
As tarifas têm sido uma ferramenta controversa da política econômica nos Estados Unidos há muito tempo. Os proponentes argumentam que elas protegem as indústrias nacionais da concorrência estrangeira, permitindo o crescimento e a criação de empregos. No entanto, o registro histórico, conforme esclarecido por acadêmicos como Douglas Irwin em seu estudo "Tariffs and Growth in Late Nineteenth Century America," demonstra que as tarifas muitas vezes atrapalham o progresso econômico mais do que ajudam.
Durante o final do século XIX, os Estados Unidos mantiveram algumas das maiores alíquotas tarifárias de sua história. Embora esse período tenha coincidido com o rápido crescimento industrial, Irwin argumenta que as tarifas não foram o principal motor da expansão econômica. Em vez disso, a inovação tecnológica, os recursos naturais abundantes e um mercado interno crescente desempenharam papéis muito mais significativos. Tarifas altas distorceram a alocação de recursos, favorecendo indústrias ineficientes em detrimento de setores mais competitivos. Essa má alocação levou a preços mais altos ao consumidor e suprimiu o bem-estar econômico geral.
Outras evidências da pesquisa de Alexander Klein e Christopher M. Meissner — "Did Tariffs Make American Manufacturing Great: New Evidence from the Gilded Age" — reforçam essa perspectiva. O estudo destaca como as tarifas enfraqueceram a concorrência na indústria ao proteger empresas ineficientes, o que inevitavelmente inibiu a produtividade. Embora as tarifas protegessem indústrias nascentes como aço e têxteis, elas o fizeram às custas dos consumidores e de outras indústrias dependentes de insumos acessíveis. O resultado foi uma economia menos dinâmica e menos competitiva.
Os efeitos adversos das tarifas vão além da ineficiência econômica. Altas barreiras tarifárias frequentemente provocam contramedidas de parceiros comerciais, levando a guerras comerciais que exacerbam a instabilidade econômica. O Smoot-Hawley Tariff Act of 1930 é um exemplo por excelência. Promulgado durante o início da Grande Depressão, ele conduziu tarifas retaliatórias generalizadas de parceiros comerciais dos EUA, reduzindo ainda mais o comércio global e consolidando a crise econômica.
O artigo de Douglas Irwin, "Does Trade Reform Promote Economic Growth?: A Review of the Evidence," destaca ainda mais as limitações das políticas protecionistas. Sua análise revela que a liberalização comercial — não o protecionismo — está consistentemente associada a um maior crescimento econômico. Ao reduzir as barreiras ao comércio, as economias podem realocar recursos para setores mais produtivos, aumentar a concorrência e promover a inovação. As evidências sugerem fortemente que os países que adotam políticas de comércio aberto experimentam um progresso econômico mais rápido e sustentável do que aqueles que dependem de tarifas para proteger as indústrias nacionais.
Política industrial no Japão
Além das tarifas, as políticas industriais também foram anunciadas como ferramentas para estimular o desenvolvimento econômico. No entanto, as experiências do Japão e da China revelam as limitações e consequências não intencionais de tais políticas. A recuperação econômica do Japão no pós-guerra é frequentemente citada como um triunfo da política industrial. Durante as décadas de 1950 e 1960, o governo japonês interveio ativamente na economia, direcionando investimentos e promovendo indústrias específicas. No entanto, como mostra a análise de Richard Beason em "Japanese Industrial Policy: An Economic Assessment", a narrativa do sucesso da política industrial é exagerada.
A pesquisa de Beason destaca que o rápido crescimento do Japão durante esse período foi impulsionado principalmente por fatores não relacionados à política industrial, como altas taxas de poupança, uma força de trabalho bem-educada e a difusão de tecnologia do exterior. Embora a política industrial inicialmente apoiasse o crescimento em setores específicos, muitas vezes levava a ineficiências ao longo do tempo. Os esforços do governo para escolher "vencedores" frequentemente resultavam na má alocação de recursos, com empresas politicamente conectadas recebendo apoio desproporcional, independentemente de sua viabilidade econômica.
Na década de 1990, as políticas industriais do Japão se tornaram um passivo. A estagnação econômica prolongada conhecida como "Década Perdida" foi parcialmente atribuída às distorções estruturais criadas por décadas de intervenção governamental. Em vez de fomentar a inovação e a competitividade, as políticas industriais consolidaram empresas e indústrias ineficientes, dificultando a adaptação do Japão às condições econômicas globais em mudança.
Política Industrial na China
Da mesma forma, a recente iniciativa de política industrial da China — "Made in China 2025" — visa transformar o país em um líder global nas indústrias de alta tecnologia. No entanto, evidências do estudo de Lee G. Branstetter e Guangwei Li, " Does 'Made in China 2025' Work for China? Evidence from Chinese Listed Firms", sugerem que essas políticas enfrentam desafios significativos.
A pesquisa de Branstetter e Li indica que a iniciativa teve resultados mistos. Embora os subsídios e o apoio do governo tenham impulsionado a produção em setores específicos, eles também incentivaram a ineficiência e o comportamento de rent-seeking. As empresas que recebem subsídios geralmente priorizam o cumprimento de mandatos governamentais em vez de buscar inovação genuína ou estratégias orientadas pelo mercado. Esse desalinhamento de incentivos limitou a eficácia da política em promover o crescimento sustentável.
Além disso, "Made in China 2025" enfrentou uma reação considerável de parceiros comerciais internacionais, levando a tensões geopolíticas e disputas comerciais intensificadas. Os elementos protecionistas da política e os objetivos explícitos de deslocar concorrentes estrangeiros levantaram preocupações sobre distorções de mercado e a erosão da concorrência leal. Essas tensões não só minaram as relações comerciais globais, mas também criaram incertezas que dificultam o planejamento econômico de longo prazo.
Conclusão sobre tarifas e política industrial
As falhas de tarifas e políticas industriais nos Estados Unidos, Japão e China ressaltam as limitações mais amplas das estratégias econômicas antimercado. Essas políticas geralmente decorrem da crença de que os governos podem manobrar melhor que os mercados na alocação de recursos e na promoção da inovação. No entanto, como a história demonstra repetidamente, os mercados são mais adequados para essas tarefas.
Os mercados se destacam na agregação de informações dispersas, no alinhamento de incentivos e na promoção da concorrência. Quando os governos intervêm por meio de tarifas ou políticas industriais, eles interrompem esses mecanismos, levando a ineficiências e consequências não intencionais. Por exemplo, embora as tarifas possam fornecer alívio de curto prazo para indústrias em dificuldades, elas acabam impondo custos aos consumidores e outros setores da economia, minando a prosperidade geral.
Da mesma forma, as políticas industriais geralmente sofrem com o problema de "falha do governo". Os formuladores de políticas não têm as informações e os incentivos necessários para identificar e apoiar consistentemente as indústrias mais promissoras. Em vez disso, suas decisões são frequentemente influenciadas por considerações políticas, levando ao favoritismo e à má alocação de recursos. As experiências do Japão e da China ilustram vividamente essas armadilhas, mostrando como a intervenção governamental pode consolidar a ineficiência e sufocar o crescimento de longo prazo.
O ressurgimento de tarifas e políticas industriais no discurso econômico contemporâneo é preocupante, dado seu histórico. Evidências dos Estados Unidos, Japão e China revelam que essas políticas frequentemente falham em cumprir suas promessas de prosperidade econômica. Em vez de promover o crescimento e a competitividade, elas distorcem os mercados, alocam mal os recursos e provocam medidas retaliatórias que prejudicam o comércio global.
Para construir uma economia próspera e dinâmica, os formuladores de políticas devem resistir ao fascínio das intervenções antimercado e, em vez disso, se concentrar em criar um ambiente propício à inovação, à competição e ao livre comércio. Ao aprender com as lições da história, podemos evitar repetir os erros do passado e traçar um futuro mais próspero.
Artigo original publicado no dia 23/01/2025 no Mises Institute, podendo ser conferido aqui.
Tradução, edição e adaptação por Felipe Lange.
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